Deixe o corpo da mulher em paz!

Corpo pós-parto — puérpera ❤

Maternagem Descalça
4 min readJan 20, 2016
Fernanda de Oliveira I Fotografia

Deixa eu contar uma coisa, não tem nada que me chateie mais do que ver propagandas do tipo “O bebê nasceu, e agora quer o seu corpo de volta?”, ou “volte a forma, logo após o parto”. Ok vamos lá, a mulher acabou de passar por um dos processos mais fortes da vida dela, que é carregar um bebê consigo por 9 meses (em geral) e parir! Em primeiro lugar a tantas coisas com a qual se preocupar a partir de agora, que com certeza deveria ser proibido, saírem por aí ousando enfiar goela abaixo de uma puérpera, a necessidade de atender padrões contínuos. Porque se tem uma coisa que esta mulher aprendera a partir de agora é a desconstruir tais padrões desnecessários! Mas para isto ela precisara de tempo, para perceber a si própria nas próximas fases. Então por favor apenas parem de falar, cobrar e compartilhar tais links

Independente do parto que você tiver, você vai se deparar com um corpo que após tanto expandir, naturalmente vai se retrair, ao seu tempo, então se de tempo, permita-o, te ensinar as novas perspectivas e façanhas deste corpo, que de fato agora, após gestar e parir, você começara a conhecer com um tato e olhar mais caloroso e mais íntimo do que nunca.

Provavelmente entre as novas fases do seu corpo, como mãe, você venha a adquirir neste processo, algumas marcas que a vida traz consigo, com as famosas estrias, sobre a qual já falei antes por aqui. Mas que sigo acreditando, que estas cicatrizes que a vida nos da, através do processo de gestar, são para nos mostrar, de antemão, o quão somos capazes de ser fortes em nome do amor, algo que vai bem mais além dos rótulos do cargo “mãe”, porem que reflete também no nosso corpo físico. Aceite-as com mais amor, sem medo, pelo seu significado ❤

“As velhas calças jeans se vão, e deixe ir, as trivialidades da vida que se molde a nós e não o contrário”.

Do lado de cá …

Quando Lolo nasceu, senti a pressão do “volte ao corpo de antes”, bater a porta do meu quarto, através da minha mãe, que sempre teve mais problemas com o meu próprio corpo do que eu mesma. Entre suas recomendações estava a dita cuja cinta, que amparada pela restrição medica e com a falta de ar, que me gerava, decidi abandonar a ideia.

Lorenzo mamava muito, e o tempo todo, o que favorecia o processo natural da coisa, fui perdendo peso muito rápido, embora a barriga em si, estivesse de fato com aquele aspecto flácido. Entre as pesquisas que havia feito mesmo antes de parir, sabia que levaria de 6 (caso parto natural) á 1 ano (parto cessaria) para voltar a ter de fato o antigo corpo.

Alinhada a uma alimentação saudável e algumas atividades simples como caminhadas na pracinha com o baby, e alguns alongamento em casa, dentro de 1 ano eu estava mais magra do que nunca, voltei a entrar naquela calça clichê, que a gente guarda para um dia no futuro vê se cabe. Mas no fundo também não me parecia o suficiente ainda.

1 ano depois… nesta montanha russa com a balança, e como quem pisou na jaca, e largou mão de algumas escolhas saldáveis, somado ao stress, estou pesando atualmente o mesmo, de quando estava com 4 meses de gravidez. Se isto me incomoda? Vou ser honesta, as vezes bate a crise, mas eu diria que está bem proporcional, e eu sei que preciso cuidar da minha alimentação pela minha saúde e isto naturalmente, vem a me ajudar a se livrar dos excessos acumulados no meu corpo.

Por fim doei aquela calça idealizada. Não tenho mais 17 anos, pra que fugir disto!? Assumi para a minha vida a necessidade de comer doce quando quero, sem medo, e estou aprendendo a aceitar o corpo que tenho e não tentando alcançar o modelo padrão “x” que eu sei que não é para mim.

O corpo de antes…

O corpo que tinha antes da gravidez jamais ira voltar, tenho consciência disto, até mesmo porque eu não fazia escolhas saldáveis por ele e no fundo nem naquela época ele era o suficientemente bom, para o meu antigo gosto. “Não era o ideal”. E quanto a este tal de ideal, que no fundo sempre acaba sendo embasado naquelas típicas fotos de Instagram e afins (cheia de filtros e retoques, convenhamos!), que sempre acabam sendo ditados por outros e outros encapsulados em infinitos padrões doloridos de mais para se alcançar, e ainda mais doloridos de se manter.

Mulheres vs seus corpos

Esta briga é antiga, mulheres vs seus corpos, mas me diga e aí você sabe quem sai ganhando nisto? Acho que sim né, seu cartão de credito no final do mês deve saber bem. Olha só deixa eu te contar uma coisa, como mãe e mulher aprendi o valor de uma boa legging e moletom. A liberdade no movimento, na arte de ser e estar mãe anda vindo como lei, antes de qualquer crise comparativa com as demais, na hora de conferir as redes sociais. Se tem uma coisa que eu aprendi a amar e respeitar neste tempo é o meu próprio tempo, para ser, estar, na minha própria pele confortavelmente, e sem cair nas pressões.

“Ser mulher não é fácil, ser mãe mulher então… Mas definitivamente não somos apenas um tipo de ‘corpo’!”

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Fernanda de Oliveira I Fotografia

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